quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Professora Sim, Tia Não! & Pedagogia da Autonomia.

'ESTE É UM TEXTO QUE VALE A PENA LER E REFLETIR, PORQUE O MESMO LEVA A SOCIEDADE A REDESCOBRIR O VERDADEIRO PAPEL DA ESCOLA, UMA VEZ QUE ATUALMENTE A SOCIEDADE TEM TRANSFERIDO DE CERTA FORMA O PAPEL DA FAMÍLIA PARA O CONTEXTO ESCOLAR. NESTE SE TORNA POSSÍVEL FAZER A SEPARAÇÃO...'

Freire introduz Professora sim, tia não procurando, através do enunciado, exigir um primeiro empenho à compreensão e entendimento não apenas do significado de cada uma das palavras que compõem o próprio enunciado, mas também sobre "o que elas ganham e perdem, individualmente, enquanto inseridas numa trama de relações" (p. 9). Assim, dividindo o enunciado em três blocos (a) professora, sim, (b) tia, não e (c) cartas a quem ousa ensinar, enfatiza a tarefa do ensinante, que requer comprometimento e gosto "de querer bem não só aos outros, mas ao próprio processo que ela implica" (p. 9) e sobre a impossibilidade de ensinar sem ousar. Ousar para "falar em amor", para que estudamos, aprendemos, ensinamos e conhecemos com o nosso corpo inteiro (...) para jamais dicotomizar o cognitivo do emocional (...) para ficar ou permanecer ensinando por longo tempo nas condições que conhecemos, mal pagos, depreciados e resistindo ao risco de cair vencidos pelo cinismo (p. 10).

Em sua análise sobre Professora, sim, tia, não, apresenta sobre tudo duas razões. De um lado o de evitar uma compreensão distorcida sobre a tarefa profissional do professor. De outro, o de ocultar a ideologia repousada na falsa identificação.

A tentativa de reduzir a professora à condição de tia é uma inocente armadilha ideológica em que, tentando-se dar a ilusão de adocicar a vida da professora, o que se tenta é amaciar a sua capacidade de luta, entretê-la no exercício de tarefas fundamentais (p.25).

Segue sua análise através das "cartas a quem ousa ensinar", expondo questões fundamentais sobre os que fazeres acima de tudo político-pedagógicos. Dessa forma, convida a questionar e a pensar sobre o ato de escrever puramente mecânico e o ato de pensar ordenadamente.

O texto, "embora simples", tem a intenção de mostrar a tarefa do ensinante que é também a de ser aprendiz, sendo preciso para isso ousar, o aprender a ousar, para dizer não à burocratização da mente a que nos expomos no dia-a-dia. Segundo Freire é preciso ousadia ao próprio fato de se fazer professor, educador, que se vê responsável profissionalmente pela formação permanente. Nesse sentido, não se quer desmoralizar ou desvalorizar a figura da tia, mas questionar a desvalorização profissional, que vem acontecendo há décadas, de transformar a professora num parente postiço.

A posição de luta democrática que os professores testemunham a seus alunos, dentro dos valores da democracia apresenta-se em três exigências: que a luta jamais se transforme em luta singular e individual, que se desafiem os órgãos da categoria para a luta e que haja sempre a formação permanente e que acima de tudo o educador esteja aberto à avaliação da prática.

Como educadores e educadoras somos políticos, fazemos política ao fazer educação. Se sonhamos com a democracia, que lutemos, dia e noite, por uma escola em que falemos aos e com os educandos, para que, ouvindo-os, possamos ser por eles ouvidos também (p. 92).

Vale a pena ler as cartas e refletir sobre elas, dando atenção especial a cada uma delas, pois a leitura crítica dos textos e do mundo tem a ver com mudança em processo. É preciso, então, compreender o processo do estudar, do ler, do observar, do reconhecer, do ensinar e do fazer.

É preciso que os educandos, experimentando-se criticamente na tarefa de ler e de escrever, percebam as tramas sociais em que se constituem e se reconstituem a linguagem, a comunicação e a produção do conhecimento, fazendo da escola espaço de reflexão e conscientização. "A escola, em que se pensa, em que se atua, em que se cria, em que se fala, em que se ama, se adivinha a escola que diz sim à vida.. E não a escola que emudece e me emudece" (sic) (p.63).

Paulo freire ainda convida a um aprofundamento sobre a educação nos aspectos quantitativos e qualitativos; abordando também o problema dos salários dos professores, que são muitas vezes insignificantes, refletem a imagem de sua desvalorização pela sociedade. Surge dessa forma a necessidade de esclarecer a opinião pública sobre a situação em que se encontra o magistério. "Nenhuma sociedade se afirma sem o aprimoramento de sua cultura, da ciência, da pesquisa, da tecnologia, do ensino. Tudo isso começa com a pré- escola" (p. 53).

As cartas também resgatam algumas das qualidades indispensáveis aos educadores e educadoras. Alguns questionamentos se fazem presentes, sobre os quais vale refletir com a sociedade: que é ensinar? que é aprender? que compreensão temos de mundo? fazemos política ao fazer educação? o diferente de nós é superior ou inferior a nós? como deve ser a escola democrática?

Ao ler as cartas, é importante sabermos que o saber tem tudo a ver com o crescer, e que o crescer insere os sujeitos em um movimento dinâmico... "A imobilidade no crescimento é enfermidade e morte" (p. 125). "O saber tem tudo a ver com o crescer. Mas é preciso, absolutamente preciso, que o saber de minorias dominantes não proíba, não asfixie, não castre o crescer das imensas maiorias dominadas" (p. 127).

Enfim, nessa obra, Paulo Freire vem a enfatizar a importância de que professores se conscientizem e se desvencilhem da ideologia que manhosamente quer distorcer sua tarefa profissional. Assim, esclarece, orienta e incentiva professoras e professores a assumirem o papel político-social que desempenham. Sendo a educação ato político, requer comprometimento tanto na luta política, quanto nas reivindicações do corpo docente e na formação de cidadãos realmente críticos e atuantes.

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA DE PAULO FREIRE

O prof. Paulo Freire mostra que ensinar não é transmitir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a produção do saber. Ensinar exige muitos fatores, estes são citados de forma clara e conclusiva. Uma das primeiras exigências é a rigorosidade metódica, o Educador norteando-se por este saber deve reforçar a capacidade crítica do educando auxiliando-o a tornar-se criador, investigador, inquieto, rigorosamente curioso, humilde e persistente ; O facilitador deve ensinar os conteúdos mas também ensinar a pensar certo. Os conhecimentos contidos nos livros são muito importantes, porém ter apenas estes saberes e não estar antenado com a realidade do seu mundo, sabendo das necessidades e ocorrências do seu país, sua cidade, seu bairro e ainda de sua rua é pensar errado. O professor precisa pensar certo para só então ensinar a pensar certo. Ensinar exige pesquisa, o autor deixa claro neste estudo que, ensino sem pesquisa não é ensino, pesquisa e ensino estão intrinsecamente relacionados. Ensinar exige respeito aos saberes do educando, o facilitador segundo sugestão do autor deve discutir com os alunos a realidade concreta a que se deve associar a disciplina, estabelecendo uma familiaridade entre os saberes curriculares fundamentais e a experiência social de cada um dos aprendizes. Ensinar exige criticidade, ter uma postura de curiosidade e inquietação indagadora e dicernidora. Ensinar exige ética, e estética, a prática educativa tem a obrigação moral de ser um testemunho rigoroso de decência e de pureza, o professor não pode estar longe ou fora da ética por ser portador do caráter formador, o ensino dos conteúdos não pode estar alheios à formação moral do educando. Ensinar exige também a corporeificação das palavras pelo exemplo, quem pensa certo tem consciência que palavras nada valem se não forem seguidas do exemplo. Pensar certo é fazer certo. O clima de quem pensa certo deve ser o de quem busca a generosidade. Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação. O ser é ofendido e para ele é restrito o direito a democracia, quando acontece qualquer uma das práticas discriminatórias. O repudio de Paulo Freire, por tais ações se faz notável e deve ser a todo custo seguido, o pensar certo exige humildade. Ensinar exige reflexão crítica, sobre a prática educativa. Como cita o autor, a esta prática docente crítica, implicante do pensar certo envolve movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer. O educando desenvolve o pensar certo em comunhão com o educador, tudo concorrendo para melhorias reais acerca da prática-ensino-aprendizagem.Quando há uma tomada de consciência sobre os fatos que envolvem a prática sendo cada educador um ser critico, autônomo de seus próprios atos, rigoroso metodicamente falando, pesquisador, que respeita os saberes prévios do educando, ético e moral, onde suas palavras e ações servem como testemunho, que não dá lugar para sentimentos discriminatórios, reflexivo, que assume a si próprio com seus acertos e seus erros , têm-se a certeza de que tal professor está andando e, pensando e ensinando a pensar certo. Este saberá que ensinar não é transmitir conhecimentos apenas, tão somente não falará bonito, sua retórica terá sempre um fundo de verdade, seus alunos poderão ver nele um ponto de apoio. O educador deve ter em mente o fato de que é um ser inacabado, não obstante, esta consciência acompanha o ser humano por si só e o leva a um estado reflexivo. Quanto mais cultural é o ser, maior é a sua infância, a necessidade de cuidados especiais se alongam, entende-se que o ser humano é o único animal que continua em companhia dos pais por vinte, trinta ou mais anos. O homem que está cônscio do seu inacabamento e das muitas barreiras e obstáculos a transpor sabe também que estes não são infindos. Para não transgredir os princípios éticos da existência humana o professor não deve ironizar o aluno ou desrespeitar sua curiosidade nata. Conforme o autor tal transgressão é vista como ruptura com a decência e ordem, toda e qualquer discriminação é imoral. O bom senso é outro fator que deve permear a prática docente, tendo respeito a autonomia, a dignidade e a identidade do educando, o educador pleno do conhecimento que rege o bom senso, exerce em sala de aula a autoridade a ele concedida porém sem o autoritarismo que se vê em sua essência.Ensinar exige também humildade e determinação em favor da luta pela classe, tornando-se arte integrante da prática ensino – aprendizagem. Deve-se ter em mente que o educador por ser um formador de pensadores, pode influenciar a favor de mudanças na forma de tratamento aos próprios educadores. As crianças de hoje, serão os futuros políticos, donos de escolas, diretores , gestores de amanhã e se estes forem conscientes e agirem com ética e moral, por terem sidos conscientizados por seus professores, serão mais zelosos com os benefícios voltados para a educação. O perfil alegre, animador, flexível, lutador e cheio de esperanças, apesar de..., é o que ajuda o exercício da profissão, tornando-a compensadora e desafiadora. Seres convictos de mudança é o que os educadores devem ser. Ao concluir este trabalho percebe-se que a leitura desta obra se faz necessária para uma boa prática de ensino. Trazendo à tona os velhos conceitos e transformando-os.

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